Nós temos o privilégio de viver hoje a revolução da longevidade: quando o número de idosos caminha a passos largos para superar o número de crianças e propõe uma reinvenção do conceito do que é ser idoso.
Imagine que antes a gente tinha pela frente uma corrida de 100 metros. Agora, é preciso estar preparado para uma maratona – a vida se apresenta em longa distância. A tecnologia tem exercido papel fundamental nessa revolução da longevidade, não só como ferramenta que expandiu a nossa expectativa de vida, mas por ser capaz de conectar diferentes gerações e nos conduzir para uma sociedade TRANSETÁRIA – em que as pessoas encontram meios de superar as limitações impostas pela idade e estão derrubando estereótipos (não se definem por faixa etária).
Veja o contexto brasileiro:
- O Brasil é um dos países que envelhecem mais rápido no mundo;
- A cada ano, nossa expectativa de vida aumenta em 3 meses;
- Nos últimos 20 anos, o número de idosos dobrou;
- E nos próximos 20 anos, vamos dobrar a proporção de idosos na população;
- Essa população acima de 60 anos, hoje, já representa 30% do mercado consumidor no Brasil – a chamada economia da longevidade que tem um enorme potencial de crescimento.
Enquanto isto, as circunstâncias da transformação digital e da crise tem levado as empresas à contratação de profissionais mais jovens porque eles entendem de tecnologia e ganham menos. Mas isso não deve acontecer em detrimento dos profissionais mais experientes.
Eu conversei com o Mórris Litvak, fundador do Maturijobs, que é uma plataforma que reconecta profissionais com mais de 50 anos ao mercado de trabalho. Segundo ele, hoje é enorme o preconceito etário nas empresas. Muito embora já esteja comprovado que a diversidade racial, de gênero e também a etária garantem inovação.
Com a tecnologia como ponte intergeracional, o CEO aprende com o estagiário (independentemente da idade de ambos), o professor com o aluno e vice-versa. Só uma dinâmica assim: mais horizontalizada e menos autoritária pode preparar as empresas para atender à economia da longevidade.
Então, segundo o especialista em envelhecimento, presidente do Centro Internacional da Longevidade, Alexandre Kalache, é preciso uma adaptação geral – tanto de quem já virou idoso, mas tb de quem está a caminho disso. Porque a gente não envelhece só quando se aposenta. É preciso transformar o modo como a gente planeja o nosso curso de vida. Se antigamente, a sequência natural era:
– Nascer, aprender, trabalhar e ter filhos (ou ter filhos e trabalhar), se aposentar e morrer (pouco tempo depois)…
Hoje, o aprendizado precisa ser um processo contínuo (para a vida inteira) e nós devemos nos preparar para mudar de carreira mais de uma vez ao longo da vida que será ativa até muito mais tarde. Afinal de contas, as tecnologias estão promovendo a prevenção e o tratamento mais efetivo das doenças e essa a integração social, intergeracional que promove o bem estar e a qualidade de vida).
Então, eu deixo como provocação uma pergunta que o Kalache costuma fazer sempre: como é que você se imagina aos 85 anos? Trabalhando, praticando esportes, viajando, curtindo os netos e a família? Ele aposta que ninguém se imaginou num hospital geriátrico. Mas pra isso, é preciso começar hoje a se planejar para esse futuro!
Quem quiser refletir mais sobre o assunto, eu indico uma exposição que está em cartaz em São Paulo chamada Diálogos com o Tempo, no Unibes Cultural, até o dia 13/10.
Assista ao vídeo com o comentário de Patricia Travassos no Em Ponto, na Globonews: