Imagine poder comer peixe sem precisar pescar. Ou um hambúrguer suculento sem matar nenhum boi… Detalhe: não se trata de uma carne sintética nem transgênica. Pois tudo isso já é realidade, pelo menos nos Estados Unidos. Mais precisamente no Vale do Silício onde o futuro parece já ter começado.
Qual é o processo?
Tem algumas frentes trabalhando em técnicas diferentes: a Finless Foods, por exemplo, produz carne de atum a partir de células tronco do peixe, segundo me explicou o CEO Mike Selden que veio ao Brasil para um evento da StartSe. Eles colocam a célula tronco num biorreator, alimentam essas células com sais, açúcares e proteínas e reproduzem o processo de divisão celular que acontece naturalmente no corpo do peixe…só que fora dele.
A vantagem é que uma matriz de peixe é capaz de gerar uma produção ilimitada do que por enquanto ainda é uma pasta de peixe. A meta é conseguir alcançar a mesma textura, sabor, aroma e nutrientes.
Com isso, o discurso e o propósito dessa e de outras startups da área gira em torno de atender à demanda por alimentos de uma população global que será formada por quase 10 bilhões de pessoas em 2050, agregando dois temperos: a capacidade de escalar a produção de proteína e a sustentabilidade.
Toda semana a gente vê rodadas de investimento apostando em startups voltadas para esse tipo de pesquisa. O Bill Gates, inclusive, é inclusive sócio de uma startup que recebeu mais de 100 milhões de dólares de investimento com nome bem sugestivo: Impossible food – ou comida impossível. Que é possível, eles já estão mostrando que sim. Agora resta saber se isso é seguro ou viável.
A Food and Drug Administration está correndo atrás de se atualizar para dar conta de regulamentar essa categoria de produto. Ainda se discute como será a supervisão regulatória dessa tecnologia.
Um hambúrguer da Impossible Foods hoje custa 18 dólares – cerca do dobro do preço de um hambúrguer comum lá na Califórnia. Mas, a expectativa é que esse valor caia, afinal o processo tende a ser muito mais barato que o convencional.
Enquanto o ciclo convencional praticado na atividade pecuária sugere 3 anos de trabalho (desde a fertilização do gado até o crescimento do bezerro, o pasto, a engorda e o abate), em laboratório ele levará no máximo 3 semanas, depois de superado o atual estágio de pesquisa e desenvolvimento, claro.
Segundo os desenvolvedores da tecnologia, a principal vantagem é que o produto não usa hormônios, antibióticos ou ingredientes artificiais. E além disso, esta produção reduz em 75% o uso de água, ocupa 95% menos terra e emite 75% menos gás de efeito estufa.
Assista ao comentário de Patricia Travassos, no Globonews Em Ponto.