Todo mundo adora quando as redes sociais nos relembram de datas especiais ou momentos gostosos que vivemos exatos tempos atrás. Mas quando você recebe o lembrete de aniversário de um parente ou amigo que já morreu, qual é a sua sensação? A minha é a de que a inteligência artificial ainda tem muito a aprender sobre as emoções humanas.
Mas há quem deixe uma mensagem no perfil do finado como se a internet fosse uma espécie de ligação com outro mundo, capaz de transmitir as palavras de carinho e saudade para o além. Independentemente da sua crença ou religião, o fato é que o mundo virtual criou um ambiente paralelo que estimula o nosso imaginário.
Na série Black Mirror, que recomendo do começo ao fim (mas em doses homeopáticas), um episódio traduz de forma perfeita o que vem sendo chamado de “imortalidade digital”.
ALERTA DE SPOILER: Se tiver Netflix, assista ao primeiro episódio, da segunda temporada da série, antes de seguir lendo esse texto. Não tem problema se você ainda não viu a temporada anterior de Black Mirror. Os capítulos são histórias completamente independentes.
Segue o trailer:
Se você continuou a ler o texto é porque já
assistiu ao episódio. Perturbador, não? Eu fiquei muito sensibilizada com toda
essa história e comecei a pesquisar mais sobre o assunto. Para minha surpresa,
descobri iniciativas reais bem parecidas com o experimento de Black Mirror.
Pra começar, descobri na Escócia o filósofo e cientista cognitivo Andy Clark, que define a teoria da “Imortalidade digital” como a possibilidade de transferir com perfeição nossa mente para uma mídia não biológica, de forma que nosso corpo morra, mas nossa consciência e personalidades possam seguir vivas eternamente.
O problema, na minha opinião, é que uma das possibilidades mais bonitas da nossa existência é a capacidade de nos transformar com novas experiências. Na vida, amadurecemos, mudamos de ideia o tempo todo. Se tirarmos uma “fotografia” do nosso modo de pensar hoje, inevitavelmente, ele estará desatualizada amanhã. Como uma versão antiga de um software…
Afinal, o que queremos? Vencer a morte? Prever quando ela vai acontecer? Acredite, já tem cientista dedicado a isto.
A russa Eugenia Kuyda encontrou uma maneira de lidar com o próprio luto e desenvolveu um aplicativo que, inclusive, já disponível no Brasil. O app se chama Replika e, na versão proposta para o público, propõe conversas com o seu próprio clone de personalidade. Mas esta versão já é um desdobramento de uma ideia que Kuyda criou para se acostumar com a perda repentina e precoce de um grande amigo. Ela reuniu todo o rastro digital que ele deixou em conversas virtuais com ela e criou uma inteligência artificial que o pudesse representar. Hoje, o aplicativo se posiciona na categoria de “Saúde e fitness” e promete explorar sua personalidade e melhorar o seu bem estar mental. O que você acha?
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