Segundo dia de Rio2C e a sensação é de um mundo sem fronteiras, onde a voz criativa do Brasil tem cada vez mais força.
Não é a toa que a Netflix anunciou a produção de 30 novos títulos (entre filmes e séries) que serão rodados por aqui nos próximos 2 anos.
O próprio Wagner Moura que atuou como entrevistador do Diretor Global de Conteúdo da Netflix Ted Sarandos, no primeiro painel na manhã desta quarta-feira, está a frente de “Sergio” – um longa sobre a vida do diplomata brasileiro Sergio Vieira de Mello, morto em 2003 num atentado terrorista, em Bagdá.
A conversa entre Moura e Sarandos diante da plateia lotada exaltou o potencial brasileiro na criação de histórias únicas e a diversidade da nossa paisagem que serve de cenário para qualquer roteiro em qualquer tempo. Depois do sucesso da série 3%, nem mesmo o português é mais tratado como barreira para o interesse global no conteúdo produzido aqui.
Aliás, foi justamente o olhar brasileiro que parece ter aproximado a japonesa NHK de um projeto nosso, num papo muito simpático sobre os Jogos Olímpicos de 2020.
Por falar em futuro, outro destaque do dia ficou por conta dos produtores da série Black Mirror, da qual sou super fã.
Charlie Brooker e Annabel Jones queriam mesmo contar sobre o lançamento do Realidade Z, um reality show que será apresentado pela Sabrina Sato, inspirado na minissérie Dead Set (2008). Mas confesso que o apocalipse zumbi não me interessou muito, não. Curti mais ver a descontração entre os colegas que se conhecem há 20 anos.
Apesar da distopia nortear todas as temporadas de Black Mirror, eles contam que não são anti tecnologia. Eles dizem que apenas formulam questões que muitas vezes nem foram pensadas, mas sem a intenção de respondê-las. É a audiência que responde.
Tanto que a dupla encarou o desafio de produzir um episódio interativo. Foi preciso aprender uma nova linguagem para escrever roteiros interativos. Foi como programar um game capaz de enfatizar o engajamento do público. Uma espécie de pesadelo feliz, contaram Charlie e Annabel.
Muito mais do que uma obsessão por tecnologia, Black Mirror é uma série focada nas fragilidades e nos dilemas humanos. A ficção científica já é parte do nosso dia a dia. Então, para surpreender, é preciso subir sempre de nível. Quando as notícias reais são tão distópicas quanto as atuais, é fundamental equilibrar o quão distópicos devemos ser na hora de criar entretenimento. Também acho!